As malformações uterinas, também conhecidas como anomalias Müllerianas congênitas, são variações na estrutura do útero presentes desde o nascimento. Embora nem sempre causem problemas, elas podem, em alguns casos, impactar a saúde reprodutiva e a gravidez. Este guia sobre a Correção de Malformações Uterinas utiliza informações da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) para esclarecer suas dúvidas.
Entendendo as Malformações Uterinas e o Diagnóstico
Essas alterações ocorrem durante o desenvolvimento do embrião, quando os ductos de Müller (estruturas que formam o útero, trompas e parte da vagina) não se desenvolvem como esperado. Falhas na fusão desses ductos ou na reabsorção de paredes internas podem gerar diferentes tipos de malformações.
O útero septado, caracterizado pela presença de uma parede (septo) dividindo a cavidade uterina, é um exemplo comum e frequentemente associado a desafios reprodutivos. Outros tipos incluem o útero bicorno, unicorno e didelfo.
Muitas vezes, “O diagnóstico das anomalias Müllerianas frequentemente ocorre durante avaliações ginecológicas de rotina ou na investigação de infertilidade ou complicações obstétricas“. A investigação inicial geralmente envolve ultrassonografia transvaginal, mas exames mais detalhados como a ultrassonografia 3D e a ressonância magnética (considerada o melhor método não invasivo) são essenciais para um diagnóstico preciso. A histeroscopia, um exame que visualiza o interior do útero, também é fundamental para confirmar alterações. É importante notar que mulheres com malformações uterinas podem ter também anomalias no sistema urinário, necessitando investigação complementar.
Quando a Correção de Malformações Uterinas é Recomendada?
É fundamental entender que nem toda malformação uterina necessita de correção cirúrgica. O tratamento é recomendado principalmente quando há um histórico comprovado de problemas reprodutivos associados à malformação.
Conforme a FEBRASGO, “As indicações formais para abordagem terapêutica dos septos uterinos são os quadros de aborto recorrente…“. Outras possíveis indicações incluem histórico de partos prematuros ou, em casos selecionados, infertilidade. A cirurgia geralmente é evitada em mulheres sem sintomas ou com dificuldade inicial para engravidar sem outros fatores. O objetivo principal da correção é melhorar os resultados da gravidez.
Septoplastia Histeroscópica: Corrigindo o Útero Septado
O Procedimento Minimamente Invasivo
Para o útero septado, a técnica cirúrgica mais indicada é a septoplastia histeroscópica. Segundo a FEBRASGO, “A septoplastia histeroscópica é atualmente a abordagem de eleição na correção de úteros septados… trata-se de um procedimento minimamente invasivo…“.
Realizada através da vagina e do colo do útero, sem cortes no abdômen, a histeroscopia utiliza uma pequena câmera para visualizar o interior do útero. O cirurgião, então, utiliza instrumentos delicados para cortar e remover o septo, unificando a cavidade uterina. As vantagens dessa abordagem incluem menor tempo de recuperação, menor risco de sangramento e a possibilidade de tentar engravidar mais cedo após o procedimento. Além disso, diferentemente de cirurgias abdominais antigas, a septoplastia histeroscópica geralmente não exige a realização de cesariana por si só.
Melhores Chances de Gravidez Após a Correção
O principal benefício da correção do septo uterino em pacientes com histórico de perdas é a melhora significativa nos resultados gestacionais. Estudos publicados pela FEBRASGO demonstram que, após a septoplastia histeroscópica, há uma redução de cinco vezes na taxa de aborto espontâneo (de 61% antes da cirurgia para 12% após).
Tabela 1: Resultados Reprodutivos Antes e Após Septoplastia Histeroscópica (Baseado em Estudo FEBRASGO )
Desfecho Reprodutivo | Antes da Septoplastia | Após a Septoplastia |
---|---|---|
Taxa de Aborto Espontâneo | 61% | 12% |
Taxa de Gravidez | N/A (Histórico) | 64%* |
Taxa de Nascidos Vivos | N/A (Histórico) | 44%** |
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* Taxa de gravidez entre as mulheres acompanhadas após o procedimento. ** Taxa de recém-nascidos vivos a termo entre todas as mulheres do estudo.
Esses dados mostram um aumento nas chances de ter uma gravidez bem-sucedida e um bebê saudável a termo após a correção.
Conclusão
As malformações uterinas são condições congênitas que podem, em certos casos, afetar a capacidade de levar uma gravidez a termo. A correção cirúrgica, especialmente a septoplastia histeroscópica para útero septado, é uma opção segura e eficaz, principalmente para mulheres com histórico de abortos de repetição, oferecendo melhores chances de sucesso gestacional. Contudo, a decisão pelo tratamento deve ser individualizada.
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