A jornada da mulher através das diferentes fases da vida é marcada por transformações significativas, e a menopausa representa uma etapa natural e importante desse processo. Longe de ser uma doença, o climatério – período que antecede e sucede a última menstruação – traz consigo alterações hormonais que podem impactar a qualidade de vida. Felizmente, existem opções para gerenciar os sintomas associados a essa fase, e a Terapia Hormonal na Menopausa (THM) é uma alternativa reconhecida e estudada. Diante de tantas informações disponíveis, buscar orientação qualificada é fundamental. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) é a principal referência no Brasil para a saúde da mulher, e este guia baseia-se exclusivamente em suas perspectivas e recomendações para oferecer um panorama completo e confiável sobre a THM. O objetivo é fornecer informações claras para que, junto ao seu médico, você possa tomar decisões conscientes sobre sua saúde e bem-estar durante o climatério e a pós-menopausa, uma fase que pode abranger um terço ou mais da vida da mulher. A FEBRASGO, inclusive, promove a conscientização sobre o uso adequado desta terapia através de campanhas como “Terapia hormonal sim, com ética e segurança sempre”, reforçando que, quando bem indicada e acompanhada, a THM é uma ferramenta valiosa.
Desvendando a Menopausa e o Climatério
Compreender os termos e o processo é o primeiro passo para lidar com essa fase de forma informada. A FEBRASGO adota definições precisas, alinhadas a consensos internacionais, para caracterizar essa transição.
O que define a Menopausa?
O Climatério é definido pela FEBRASGO como o período de transição entre a fase reprodutiva e a não reprodutiva da mulher. Dentro desse período, a Menopausa refere-se especificamente à data da última menstruação. Essa data só pode ser confirmada retrospectivamente, após a mulher passar 12 meses consecutivos sem menstruar, geralmente ocorrendo entre os 45 e 55 anos, com uma média por volta dos 51 anos. Essa padronização é essencial para diferenciar a menopausa estabelecida de irregularidades menstruais passageiras. A causa fundamental dessas mudanças é a falência progressiva dos ovários, que diminuem significativamente a produção de hormônios, principalmente o estrogênio. É importante mencionar também a Insuficiência Ovariana Prematura (IOP), uma condição mais rara onde a menopausa ocorre antes dos 40 anos.
Sintomas Comuns e o Impacto na Qualidade de Vida
A redução dos níveis de estrogênio durante o climatério pode desencadear uma série de sintomas da menopausa que variam em intensidade e tipo de mulher para mulher. A FEBRASGO reconhece um espectro amplo de manifestações, cujo conjunto pode afetar significativamente a qualidade de vida na menopausa. Os sintomas mais comuns incluem:
- Sintomas Vasomotores: São talvez os mais conhecidos. Incluem as ondas de calor (fogachos), que podem ser súbitas e intensas, frequentemente acompanhadas de sudorese, palpitações e despertares noturnos.
- Síndrome Geniturinária da Menopausa (SGM): Engloba sintomas relacionados à saúde vaginal e urinária, como secura vaginal, dor durante a relação sexual (dispareunia) e sintomas urinários, como incontinência ou urgência. A FEBRASGO recomenda que o médico investigue ativamente esses sintomas, pois muitas mulheres hesitam em relatá-los.
- Alterações Psicológicas e Cognitivas: Insônia, cansaço frequente, falta de disposição, irritabilidade, ansiedade, humor mais deprimido (podendo agravar quadros depressivos preexistentes) e alterações na memória ou dificuldade de concentração são queixas comuns associadas ao hipoestrogenismo.
- Outros Impactos: Além dos sintomas específicos, a interação desses fatores pode levar a uma sensação geral de mal-estar, afetando o trabalho, os relacionamentos e a autoestima.
A validação desses sintomas pela FEBRASGO como consequências legítimas das alterações hormonais é crucial. Isso encoraja as mulheres a procurarem ajuda e os médicos a realizarem uma avaliação mais completa, reconhecendo o impacto multifacetado do climatério na vida diária.
Terapia Hormonal na Menopausa (THM): O que é e Como Funciona?
A Terapia Hormonal na Menopausa (THM), também conhecida como reposição hormonal feminina, é um tratamento médico que visa repor os hormônios, principalmente o estrogênio (e, em muitos casos, um progestagênio), cujos níveis diminuem significativamente com a falência ovariana. O principal objetivo da THM é aliviar os sintomas moderados a severos causados por essa deficiência hormonal, melhorando assim a qualidade de vida da mulher.
Tipos de Terapia Hormonal
A escolha do tipo de THM depende fundamentalmente se a mulher possui ou não útero, além de outros fatores individuais. A prática padrão, endossada por entidades como a FEBRASGO, diferencia:
- Terapia Estrogênica Isolada (TE): Indicada para mulheres que realizaram histerectomia (remoção do útero). Neste caso, utiliza-se apenas estrogênio, pois não há necessidade de proteger o endométrio (camada interna do útero).
- Terapia Estrogênica e Progestagênica Combinada (TEP): Essencial para mulheres com útero intacto. O progestagênio (progesterona natural ou sintética) é adicionado ao estrogênio para proteger o endométrio contra o risco de hiperplasia (espessamento excessivo) ou câncer, que pode ser causado pelo uso de estrogênio isolado.
- Vias de Administração: A THM pode ser administrada de diversas formas: oral (comprimidos), transdérmica (adesivos ou géis aplicados na pele) ou vaginal (cremes, anéis, óvulos). A escolha da via considera a preferência da paciente, o objetivo do tratamento (sintomas sistêmicos vs. locais) e o perfil de risco individual. Por exemplo, a via transdérmica pode ter um perfil de risco trombótico diferente da via oral.
- Terapia Sistêmica vs. Local: A terapia sistêmica (oral ou transdérmica) distribui os hormônios pelo corpo, sendo eficaz para sintomas como fogachos e proteção óssea. A terapia hormonal local (vaginal) tem ação primária na região genital, sendo muito eficaz e segura para tratar os sintomas da Síndrome Geniturinária da Menopausa (SGM), com mínima absorção sistêmica.
Essa diferenciação entre os tipos de terapia é fundamental para garantir a segurança (como a proteção endometrial) e a eficácia do tratamento, adaptando-o às necessidades específicas de cada mulher.
Principais Indicações Segundo a FEBRASGO
A FEBRASGO indica a THM com base em evidências científicas, priorizando situações onde os benefícios superam os riscos potenciais. As principais indicações são:
- Sintomas Vasomotores Moderados a Severos: É a indicação mais comum e onde a THM demonstra maior eficácia. O alívio de fogachos, suores noturnos e distúrbios do sono associados melhora significativamente a qualidade de vida.
- Síndrome Geniturinária da Menopausa (SGM): Para sintomas como secura vaginal, dor na relação sexual e problemas urinários recorrentes, a THM (especialmente a terapia estrogênica local) é altamente eficaz.
- Prevenção de Perda Óssea e Fraturas por Osteoporose: A THM é aprovada para a prevenção da perda de massa óssea e demonstrou reduzir o risco de fraturas relacionadas à osteoporose. Pode ser uma opção importante para mulheres com risco aumentado de fraturas, especialmente aquelas na menopausa precoce ou com contraindicações a outras terapias anti-osteoporose, sempre após avaliação individualizada.
A inclusão da prevenção da osteoporose como indicação formal pela FEBRASGO posiciona a THM não apenas como um tratamento sintomático, mas também como uma estratégia preventiva para uma condição crônica relevante na pós-menopausa, reforçando a necessidade de uma avaliação abrangente da saúde da mulher nessa fase.
Avaliação Criteriosa: Benefícios x Riscos da THM (Perspectiva FEBRASGO)
A decisão sobre iniciar ou não a Terapia Hormonal na Menopausa nunca deve ser tomada de ânimo leve. Exige uma avaliação cuidadosa e individualizada, pesando os benefícios THM menopausa contra os potenciais riscos TH menopausa, sempre em diálogo aberto com o ginecologista. A FEBRASGO enfatiza a importância de uma abordagem baseada em evidências e na história clínica detalhada de cada mulher.
Alívio dos Sintomas Vasomotores e Urogenitais
O principal benefício da THM sistêmica é sua alta eficácia no controle dos sintomas vasomotores (fogachos, suores noturnos) que tanto afetam a qualidade de vida menopausa. O alívio desses sintomas frequentemente leva a melhorias no sono, humor e disposição geral. Para a Síndrome Geniturinária da Menopausa (SGM), a terapia estrogênica (especialmente local) é o tratamento mais eficaz para restaurar a saúde vaginal, aliviar a secura, a dor na relação sexual e alguns sintomas urinários.
Proteção Óssea e Prevenção da Osteoporose
A perda de estrogênio na menopausa acelera a diminuição da densidade mineral óssea, aumentando o risco de osteoporose e fraturas. A FEBRASGO reconhece que a THM é eficaz na prevenção dessa perda óssea e na redução do risco de fraturas por fragilidade. Este benefício é particularmente relevante para mulheres que entram na menopausa precocemente ou que possuem outros fatores de risco para osteoporose.
Riscos a Considerar: Câncer de Mama, Trombose (VTE), AVC e Outros
É fundamental discutir abertamente os potenciais riscos associados à THM, conforme orienta a FEBRASGO:
- Tromboembolismo Venoso (TEV) e Acidente Vascular Cerebral (AVC): O risco de eventos tromboembólicos (como trombose venosa profunda e embolia pulmonar) e de AVC pode aumentar com a THM, especialmente com estrogênios orais. A FEBRASGO alerta que iniciar a terapia tardiamente, ou seja, em mulheres com 60 anos ou mais, ou mais de 10 anos após o início da menopausa, eleva o risco absoluto desses eventos.
- Doença Cardiovascular (DCV): A relação entre THM e DCV é complexa e fortemente influenciada pelo momento de início. Iniciar a terapia na “janela de oportunidade” (ver abaixo) em mulheres saudáveis parece ter um efeito cardiovascular favorável ou neutro. Contudo, o início tardio (>60 anos ou >10 anos pós-menopausa) pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares.
- Câncer de Mama: Este é um dos riscos mais discutidos. O risco associado à THM parece depender do tipo (terapia combinada EPT pode ter um risco ligeiramente maior que a TE isolada com uso prolongado), da duração do uso e de fatores individuais da mulher. É crucial uma avaliação individualizada do risco basal. A presença de lesões precursoras do câncer de mama é uma contraindicação à THM. A discussão detalhada desse risco com o médico é essencial.
- Câncer de Endométrio: O uso de estrogênio isolado (TE) em mulheres com útero aumenta significativamente o risco de câncer de endométrio. Por isso, a adição de um progestagênio (TEP) é mandatória nessas mulheres para proteger o endométrio.
- Outros Riscos: Outros riscos potenciais, como doença da vesícula biliar, podem estar associados à THM e devem ser considerados na avaliação individual.
A perspectiva da FEBRASGO sobre os riscos é nuançada, destacando que fatores como idade, tempo desde a menopausa, tipo de hormônio, via de administração e duração do uso modificam significativamente o perfil de risco individual.
Tabela 1: Resumo de Benefícios vs. Riscos da THM (Segundo FEBRASGO)
Benefício/Risco | Detalhes (Perspectiva FEBRASGO) | Fatores Modificadores Relevantes |
---|---|---|
BENEFÍCIOS | ||
Alívio Sintomas Vasomotores | Altamente eficaz para fogachos, suores noturnos moderados a severos. | Dose, tipo de hormônio, via de administração. |
Alívio Sintomas SGM | Tratamento mais eficaz para secura vaginal, dispareunia, sintomas urinários. Terapia local é opção. | Terapia local vs. sistêmica. |
Prevenção Osteoporose/Fraturas | Eficaz na prevenção de perda óssea e redução de risco de fraturas. | Idade, risco basal de fratura, tempo desde a menopausa. |
RISCOS | ||
Tromboembolismo Venoso (TEV) / AVC | Risco aumentado, especialmente com início tardio (>60a ou >10a pós-menopausa). Risco pode variar com via (oral > transdérmica – confirmar FEBRASGO). | Idade, tempo pós-menopausa, via de administração, dose, fatores de risco individuais. |
Doença Cardiovascular (DCV) | Risco aumentado com início tardio. Efeito favorável/neutro com início na “janela de oportunidade” em mulheres saudáveis. | Idade, tempo pós-menopausa, fatores de risco CV preexistentes. |
Câncer de Mama | Risco complexo, pode aumentar ligeiramente com uso prolongado (especialmente TEP). Avaliação individual é chave. Lesão precursora é contraindicação. | Duração do uso, tipo de THM (TEP vs TE), fatores de risco individuais. |
Câncer de Endométrio | Risco aumentado com estrogênio isolado (TE) em mulheres com útero. Prevenido pela adição de progestagênio (TEP). | Presença de útero, uso de progestagênio. |
Outros (Ex: Doença Vesícula Biliar) | Risco pode ser aumentado. | Fatores individuais. |
A Importância da Janela de Oportunidade
A FEBRASGO dá grande ênfase ao conceito de “janela de oportunidade” para o início da THM. Este período é geralmente definido como os primeiros 10 anos após a menopausa e/ou antes dos 60 anos de idade. A relevância deste conceito reside no fato de que iniciar a THM dentro desta janela, em mulheres saudáveis e sintomáticas, está associado a um perfil de risco-benefício mais favorável, especialmente em relação à saúde cardiovascular. Por outro lado, iniciar a terapia após este período (início tardio) demonstrou aumentar os riscos cardiovasculares e tromboembólicos absolutos. Isso não significa que mulheres fora da janela não possam usar THM sob nenhuma circunstância, mas a avaliação de risco-benefício torna-se muito mais cautelosa. Este conceito reforça a importância de discutir os sintomas e opções de tratamento com o ginecologista de forma oportuna, permitindo aproveitar potenciais benefícios que podem diminuir com o passar do tempo.
Quem Pode e Quem Não Pode Fazer a Terapia Hormonal?
A elegibilidade para a THM é determinada por uma avaliação médica criteriosa, considerando as contraindicações e o perfil individual de cada mulher.
Contraindicações Absolutas e Relativas
Existem situações em que a THM é geralmente desaconselhada (contraindicações absolutas) ou deve ser usada com muita cautela e monitoramento rigoroso (contraindicações relativas). Baseado nas diretrizes e práticas comuns endossadas pela FEBRASGO, podemos listar:
- Contraindicações Absolutas (Geralmente impedem o uso):
- Diagnóstico atual, passado ou suspeita de câncer de mama.
- Diagnóstico ou suspeita de outros tumores dependentes de estrogênio (ex: câncer de endométrio não tratado).
- Sangramento vaginal anormal de causa não diagnosticada.
- História de Tromboembolismo Venoso (TEV) – trombose venosa profunda ou embolia pulmonar – idiopático ou recorrente, ou trombofilia conhecida.
- Doença tromboembólica arterial ativa ou recente (ex: AVC, infarto do miocárdio).
- Doença hepática ativa ou grave.
- Gravidez conhecida ou suspeita.
- Hipersensibilidade conhecida aos componentes da fórmula.
- Contraindicações Relativas (Exigem avaliação cuidadosa e ponderação risco-benefício):
- História familiar forte de câncer de mama.
- Hipertrigliceridemia severa.
- História de doença hepática prévia.
- Endometriose (pode requerer esquemas específicos).
- Miomas uterinos grandes.
- Enxaqueca com aura.
- Fatores de risco múltiplos para doença cardiovascular ou TEV.
- Recomendação Geral Contra Início Tardio: Como já mencionado, a FEBRASGO desaconselha iniciar a THM em mulheres com mais de 60 anos ou mais de 10 anos após a menopausa, devido ao aumento dos riscos cardiovasculares e tromboembólicos.
Tabela 2: Principais Contraindicações para Terapia Hormonal na Menopausa (Segundo FEBRASGO)
Condição | Tipo | Observações (FEBRASGO) |
---|---|---|
Câncer de Mama (atual, passado, suspeito) ou lesão precursora | Absoluta | Contraindicação clara. |
Câncer dependente de estrogênio (ex: endometrial não tratado) | Absoluta | Hormônios podem estimular o crescimento tumoral. |
Sangramento Vaginal Anormal não diagnosticado | Absoluta | Causa deve ser investigada antes de iniciar THM. |
TEV (TVP/EP) ativo ou história idiopática/recorrente | Absoluta | Risco aumentado de novos eventos. |
Doença Tromboembólica Arterial (AVC/Infarto) ativa/recente | Absoluta | Risco aumentado de novos eventos. |
Doença Hepática Ativa/Grave | Absoluta | Metabolismo hormonal pode ser prejudicado. |
Gravidez (conhecida/suspeita) | Absoluta | THM não é contraceptivo e é contraindicada na gestação. |
Início >60 anos OU >10 anos pós-menopausa | Recomendação contra iniciar | Aumento do risco absoluto de DCV, TEV, AVC. A continuação pode ser considerada caso a caso se iniciada antes. |
História Familiar Forte de Câncer de Mama | Relativa | Exige avaliação de risco individualizada e aconselhamento. |
Endometriose / Miomas Uterinos | Relativa | Pode requerer esquemas específicos ou monitoramento. |
Enxaqueca com Aura | Relativa | Pode haver aumento do risco de AVC; avaliação cuidadosa necessária. |
Fatores de Risco Múltiplos para DCV/TEV | Relativa | Risco-benefício deve ser cuidadosamente pesado. Vias não orais podem ser preferíveis (confirmar FEBRASGO). |
A Individualização do Tratamento é Chave
A mensagem mais importante reiterada pela FEBRASGO é a necessidade de individualização do tratamento. Não existe uma fórmula única para a THM. A decisão de usar, qual tipo, qual dose, por qual via e por quanto tempo deve ser personalizada, considerando:
- A intensidade e o tipo dos sintomas da mulher.
- Sua idade e o tempo decorrido desde a menopausa (considerando a janela de oportunidade).
- Sua história médica pessoal e familiar, identificando riscos e contraindicações.
- Sua saúde óssea e risco de fraturas.
- Seus valores, preferências e expectativas em relação ao tratamento.
- Os resultados de exames relevantes.
A consulta médica detalhada é insubstituível. O princípio de usar a menor dose eficaz pelo menor tempo necessário para atingir os objetivos do tratamento é uma prática comum, provavelmente endossada pela FEBRASGO. O acompanhamento regular para reavaliar a necessidade da terapia, ajustar doses e monitorar efeitos colaterais também é essencial. Esta abordagem personalizada garante que a THM seja usada de forma segura e eficaz, maximizando os benefícios e minimizando os riscos para cada mulher.
Além da Terapia Hormonal: Alternativas e Estilo de Vida
Para mulheres que não podem ou optam por não fazer a Terapia Hormonal na Menopausa, ou mesmo como complemento a ela, existem outras estratégias importantes para gerenciar os sintomas e promover a saúde da mulher climatério. A FEBRASGO reconhece a importância dessas abordagens, especialmente as mudanças no estilo de vida.
Opções Não Hormonais para Alívio dos Sintomas
Embora a THM seja a opção mais eficaz para sintomas vasomotores moderados a severos, existem alternativas TH menopausa. É fundamental discutir com o ginecologista as opções não hormonais que possuem comprovação científica de eficácia e segurança. Algumas categorias incluem:
- Medicamentos Prescritos: Certos antidepressivos (ISRS/ISRSN) em baixas doses podem ajudar a reduzir os fogachos. Outros medicamentos, como a gabapentina ou a clonidina, também podem ser considerados em casos específicos. Para a osteoporose, existem diversas classes de medicamentos não hormonais (ex: bisfosfonatos, denosumabe).
- Lubrificantes e Hidratantes Vaginais: Para a SGM, lubrificantes (usados durante a relação sexual) e hidratantes vaginais (usados regularmente) de venda livre podem aliviar a secura e o desconforto.
- Terapias Complementares e Alternativas: Muitas mulheres buscam produtos à base de plantas (fitoterápicos) ou suplementos. É crucial ter cautela, pois muitos carecem de estudos robustos que comprovem eficácia e segurança a longo prazo, e podem interagir com outros medicamentos. A FEBRASGO provavelmente aconselharia discutir essas opções com o médico e priorizar aquelas com melhor evidência.
A escolha de uma alternativa não hormonal deve ser tão individualizada quanto a THM, baseada nos sintomas predominantes, perfil de saúde e evidências disponíveis.
O Papel da Alimentação, Exercício e Bem-Estar Mental
A FEBRASGO enfatiza que modificações no estilo de vida são componentes essenciais do tratamento climatério FEBRASGO, independentemente do uso de THM. Elas não apenas ajudam a aliviar alguns sintomas, mas são cruciais para a prevenção de doenças crônicas e a promoção da saúde a longo prazo:
- Alimentação Saudável: Uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e cálcio (importante para os ossos), e pobre em gorduras saturadas, açúcares e sódio, é fundamental. Manter um peso saudável é crucial. A FEBRASGO destaca a importância da nutrição para a qualidade de vida na menopausa. Reduzir o consumo de álcool também é recomendado.
- Atividade Física Regular: A prática regular de exercícios ajuda no controle do peso, melhora o humor, o sono e a saúde cardiovascular. Além disso, contribui para a saúde óssea e está associada a uma menor incidência de certos cânceres, como o de mama e o de endométrio, que podem ter relação com desequilíbrios hormonais e obesidade. Recomenda-se buscar orientação sobre o tipo e intensidade adequados.
- Controle do Peso: A obesidade é um fator de risco para diversas condições na pós-menopausa, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer. Manter um peso saudável através de dieta e exercício é uma das medidas preventivas mais importantes.
- Cessação do Tabagismo: Parar de fumar é vital para a saúde geral, reduzindo drasticamente o risco de doenças cardiovasculares, respiratórias e diversos tipos de câncer, incluindo alguns ginecológicos.
- Bem-Estar Mental e Gerenciamento do Estresse: O climatério pode ser um período emocionalmente desafiador. Buscar apoio psicológico , praticar técnicas de relaxamento, garantir um sono reparador e manter conexões sociais são importantes para a saúde mental e podem ajudar a lidar melhor com os sintomas físicos.
Adotar um estilo de vida saudável é uma estratégia poderosa que empodera a mulher a ter um papel ativo na sua saúde durante e após a menopausa.
O Papel Essencial do Ginecologista
Navegar pelas complexidades do climatério e pelas decisões sobre a Terapia Hormonal na Menopausa requer orientação especializada. A FEBRASGO posiciona o ginecologista menopausa como a figura central no cuidado integral da mulher nesta fase da vida. Suas responsabilidades são amplas e vão muito além da simples prescrição:
- Diagnóstico Preciso: Identificar corretamente a fase do climatério, diagnosticar a menopausa e avaliar a causa dos sintomas.
- Aconselhamento e Educação: Fornecer informações claras e baseadas em evidências sobre as mudanças da menopausa, as opções de tratamento (THM e alternativas), seus benefícios e riscos, desmistificando informações incorretas.
- Avaliação Individualizada: Realizar uma anamnese detalhada e solicitar exames pertinentes para avaliar o perfil de risco-benefício de cada mulher para a THM, considerando contraindicações e fatores individuais.
- Rastreamento de Doenças: Realizar ou orientar sobre os exames de rastreamento recomendados para a faixa etária, como mamografia , citologia oncótica (Papanicolau) , rastreamento de câncer colorretal , avaliação de risco cardiovascular (pressão arterial, glicemia, colesterol) e avaliação de risco para osteoporose.
- Tomada de Decisão Compartilhada: Facilitar um diálogo aberto para que a mulher possa participar ativamente das decisões sobre sua saúde, alinhando o tratamento às suas preferências e prioridades.
- Prescrição e Monitoramento: Se a THM ou outra terapia for indicada, prescrever o regime mais adequado (tipo, dose, via) e monitorar a resposta ao tratamento, ajustando-o conforme necessário e avaliando a segurança a longo prazo.
- Orientação sobre Estilo de Vida: Reforçar a importância de hábitos saudáveis como alimentação, exercícios e cessação do tabagismo, integrando-os ao plano de cuidados.
- Prevenção Ampliada: Orientar sobre outras medidas preventivas importantes, como a vacinação contra o HPV (recomendada pela FEBRASGO até 45 anos em certos casos) e práticas sexuais seguras para prevenção de ISTs.
- Cuidado Continuado: Oferecer acompanhamento regular durante toda a pós-menopausa, adaptando as estratégias de saúde às necessidades que mudam com o tempo.
O ginecologista atua, portanto, como um parceiro essencial na jornada da mulher pelo climatério, garantindo um cuidado abrangente, personalizado e focado na manutenção da saúde e da qualidade de vida. “Conscientizar as pacientes sobre a prevenção, diagnóstico precoce e rastreio de câncer é uma responsabilidade que os ginecologistas devem abraçar com compromisso, para garantir a saúde e bem-estar das mulheres e de suas famílias”.
Conclusão
A menopausa é um marco natural na vida da mulher, e o climatério que a envolve pode trazer sintomas que impactam o bem-estar. A Terapia Hormonal na Menopausa (THM), conforme as diretrizes da FEBRASGO, representa uma opção terapêutica eficaz e segura para muitas mulheres, especialmente quando iniciada na “janela de oportunidade” – nos primeiros 10 anos após a menopausa ou antes dos 60 anos – para alívio de sintomas vasomotores e geniturinários, e também para a prevenção da osteoporose.
Contudo, a decisão de utilizar a THM não é universal e exige uma individualização criteriosa. A avaliação dos benefícios potenciais deve ser cuidadosamente ponderada contra os riscos individuais, considerando a história médica, fatores de risco específicos (como para TEV, AVC, DCV e câncer de mama) e as contraindicações. A colaboração entre a mulher e seu ginecologista menopausa é fundamental nesse processo de tomada de decisão compartilhada.
Independentemente da escolha pela THM, a adoção de um estilo de vida saudável – com alimentação equilibrada, prática regular de exercícios, controle de peso e cessação do tabagismo – é um pilar essencial para a saúde da mulher climatério e para a prevenção de doenças a longo prazo. Navegar pela menopausa com informação de qualidade, acompanhamento médico regular e autocuidado permite que essa fase seja vivida com mais saúde, conforto e qualidade de vida.